“A Sociedade Aberta e Seus Inimigos não é um apelo ao relativismo, mas uma defesa da civilização contra o dogma e o autoritarismo.
A sociedade aberta de Popper se sustenta não no relativismo moral, mas na humildade epistêmica: o reconhecimento de que ninguém tem um monopólio da verdade, e que os valores devem ser mantidos abertos para crítica e revisão. ‘O que precisamos e o que queremos’, escreve ele, ‘é moralizar a política, não politizar a moralidade’. Para Popper, ‘moralizar a política’ é aplicar padrões éticos à ação política, enquanto ‘politizar a moralidade’ é sacralizar um único código moral como a lei imutável — uma prática que leva diretamente à repressão política. Popper não negou a existência das verdades morais objetivas. O que ele negou foi o direito do Estado de impô-las como certezas fixas.
A obra de Popper pertence a uma tradição que remonta a Jeremy Bentham, John Stuart Mill e Friedrich Hayek: pensadores que viram a liberdade não como amoralidade, mas como um espaço no qual a verdade possa ser testada, os erros possam ser corrigidos, e formas melhores de viver sejam descobertas. Como Mill insiste no ensaio ‘Sobre a Liberdade’, ‘a percepção mais clara e a impressão mais vívida da verdade [são] produzidas por sua colisão com o erro’. A alternativa — sociedades construídas sobre verdades supostamente infalíveis — produziu os gulags, as câmaras de gás e genocídios. O liberalismo não é politicamente restrito por ser metafisicamente magro. Ele é politicamente restrito porque é moralmente sério.”
— Roger Partridge, jurista neozelandês, na revista Quillette. https://quillette.substack.com/p/classical-liberalism-without-strong